“A
renúncia de uma vida de ilegalidade”
Converter-se
é deixar de viver longe de Deus. Sair do estado de perdição, deixar o pecado.
Não somente o ato mau em si, mas o estado que resulta dele, o estado da perda
da salvação e o sentimento de inimizade contra Deus. O passar a viver e estar
longe de Deus. Conversão consiste em voltar para o Senhor com todo o coração,
retomar o caminho das suas veredas.
A
conversão é um conceito complexo, que significa uma profunda mudança de coração
sob o influxo da Palavra de Deus. Essa transformação interior exprime-se nas
obras e, por conseguinte, na vida inteira do cristão. A conversão significa a
vitória sobre o velho homem que está enraizado (a existência carnal) e o começo
de uma vida nova (a vida no Espírito) criada e governada pelo Espírito de Deus.
É um fato que na História da Salvação, após o pecado original, cada vez que
Deus vai ao encontro do homem para com ele dialogar, o faz para provocar nele a
conversão do coração.
Não basta
renunciar somente a um ato mau, nem a um hábito pecaminoso. Precisa-se ir ao
centro da existência: todo o coração e todo o procedimento devem ser mudados. O
afastamento de Deus somente termina quando o próprio Senhor se achega
pessoalmente do homem.
A
conversão, como saída do estado de pecado, de ausência de Deus e de perda da
salvação, está unida à aceitação incondicional da soberania divina.
Reconhecendo que se praticou o mal, que se tem necessidade de Redenção e de uma
transformação completa.
Quem
realmente se converte, submete-se de boa vontade à lei divina. Renuncia à vida
de ilegalidade. Converter-se é deixar de viver na injustiça. Quem se converte
reconhece o quanto deve a Deus e esforça-se por Lhe dar a devida honra. Todo
pecado cria um estado permanente de sonegação de justiça para com Deus. É uma
inimizade habitual, uma injustiça. É uma recusa permanente de dar ao Senhor a
glória que Lhe pertence e de prestar ao Pai a obediência e o amor filial. A
conversão tira-nos desse mísero estado. Supõe uma renovação integral do
coração.
Converter-se
é deixar de viver na mentira. Quem se converte afasta-se da mentira. O pecado é
mentira. Por isso, a conversão requer uma mudança total de mentalidade, um
espírito novo, o Espírito da Verdade. A conversão é um 'sim' à verdade.
Conversão
é a volta à casa do Pai e a entrada no Reino de Deus. Passagem das trevas do
pecado para a luz da Graça. O caminho que Deus aponta conduz a uma conversão
séria e autêntica do coração. Deus apela para a liberdade humana e que a íntima
conversão desta liberdade é obra Sua.
A
conversão se inicia no momento em que Deus se digna de derramar “o
espírito de graça e de preces” (cf. Zac 12, 10). Porém, nossa conversão não se
realizará sem o 'sim' de nossa liberdade.
A
conversão culmina, – é próprio da essência dela –, em um novo nascimento, num
renascimento do alto, de Deus. A volta à casa do Pai é a reintegração nos
direitos de filho. Não é algo que se processa unicamente no exterior, mas é uma
ação interior, uma modificação vital, um nascimento pelo Espírito. Para o
homem, a conversão é, pois, infinitamente mais que o simples fato negativo de
se livrar da escravidão do pecado, porque para Deus, o converter-se é
infinitamente mais que perdoar pecados, é fazer o dom de uma vida nova. O homem
torna-se filho de Deus.
O único
modo efetivo de descobrir sempre mais a própria identidade é o árduo, mas
consolador, caminho da conversão sincera e pessoal, com um humilde
reconhecimento das próprias imperfeições e pecados; e a confiança na força da
ressurreição de Cristo. Essa transformação interior exprime-se nas obras e, por
conseguinte, na vida inteira do cristão.
Padre
Reinaldo Cazumbá
(Fonte –
Canção Nova)
Clique aqui e seja o primeiro a comentar!:
Por favor, ao comentar não esqueça de deixar seu nome!