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sábado, 10 de novembro de 2012

É possível ser santo?


A santidade é uma possibilidade para todos
“Sou santo!” Quando ouvimos uma declaração dessas nos assustamos ou achamos presunção, orgulho, vaidade. Facilmente retrucamos afirmando: “Santo de pau oco?!”
A santidade nos parece algo tão distante ou quem sabe meio impossível. Por isso nem pensamos em persegui-la para alcançá-la. Embora Jesus nos tenha ordenado: “Sede perfeitos (santos), assim como vosso Pai celeste é perfeito” (Mateus 5, 48).
Podemos mesmo pensar que a santidade seja um chamado e uma possibilidade apenas para algumas pessoas especiais como papas, bispos, fundadores de comunidades e congregações religiosas. Mas não é assim. A santidade é uma possibilidade para todos, de modo especial para os batizados.
No batismo, recebemos o Espírito Santo. Não costumamos dizer “fogo quente”, pois, trata-se de uma redundância, já que só será fogo se for quente; nem “gelo frio”, pelo mesmo motivo. Mas, podemos afirmar que o Espírito que recebemos no Batismo é Santo, pois este tem como função santificar. A função do fogo é aquecer. A do gelo, esfriar. A do Espírito, santificar.
No livro do Êxodo vemos uma bela passagem que nos pode ajudar a entender a santidade: “Moisés notou que sarça estava em chamas, mas não se consumia” (Êxodo 3, 2). Deus disse a esse profeta: “Tira as sandálias dos pés, porque o lugar onde estás é uma terra santa” (Êxodo, 3, 5).
Passemos o Novo Testamento à nossa vida.
a. A chama que queima e não se consome é o Espírito Santo, que recebemos em nosso batismo. Ele é Deus. Está em nós. É uma chama divina que habita em nosso interior e jamais se consome. Quando acendemos um fogo, se não pusermos lenha sempre que necessário, ele apagará. Consumida a lenha, termina o fogo. A chama do fogo do Espírito Santo é esta “sarça” que queima sem parar em nosso interior. Ela é capaz de queimar o tempo todo e não se consumir. Isso ocorre porque se trata de uma chama divina, portanto, não necessita que “se reponha a lenha”.
b. Esta terra é santa. Quem a santifica é a presença da chama ardente, que não se consome. Que permanece acessa. A terra torna-se santa devido à chama que nela está queimando. Aqui nos damos conta de que há verdadeiramente a possibilidade de sermos santos. A santidade é possível não porque sejamos uma terra santa por nós mesmos. Somos e continuamos pecadores, mas em nós arde uma chama, “a chama do amor”, a chama do Espírito Santo. Quem se deixa iluminar, é aquecido por ela. Quem segue este conselho da Palavra de Deus “deixai-vos conduzir pelo Espírito e não satisfareis os apetites da carne” (cf. Gálatas 5,16), crescerá em santidade, tornar-se-á “uma terra santa”.
Santidade é uma obra do Espírito Santo em nós. Assim como o fruto é uma “obra” da árvore; a pintura, do pintor; a escultura, do escultor; a santidade é uma ação do Espírito Santo Paráclito. Esta santidade poderá ser percebida pelos frutos daquela “terra” na qual arde a “sarça” do Espírito: “o fruto do Espírito é caridade, alegria, paz, paciência, afabilidade, bondade, fidelidade, brandura, temperança” (cf. Gálatas 5, 22).
c. “Tira as sandálias dos pés”. Posso pisar sobre um fio elétrico e levar um grande choque ou não. Depende do isolante que eu tenha em meu calçado. Deus diz a Moisés: “Tira o 'isolante' dos teus pés”. Tira as sandálias! Pisa na terra! Entra em contado direto com ela. Sente o calor da terra. Deus deu-nos o Espírito Santo. Quis colocá-Lo tão em contato conosco que acabou colocando-O dentro de nós. Somos por Ele habitados para estarmos em contato direto o tempo todo e totalmente com Ele. Onde há isolante, a energia não chega. A cinza que se acumula sobre a brasa não permite que ela aqueça o churrasco. É preciso soprá-la. Jesus “soprou sobre eles dizendo-lhes: recebei o Espírito Santo” (cf. João 20, 22). O calor do Espírito nos aquece. Com esta força podemos progredir na santidade.
Se até hoje buscamos a santidade pelas nossas boas obras, renúncias, sacrifícios, podemos continuar. Mas, vamos acrescentar nessa busca a súplica constante para que o Pai dos Céus, que nos adotou como filhos, continuamente, sopre sobre “as brasas do Espírito” que recebemos no batismo. Que a chama da sarça do Espírito cresça sempre mais nesta terra, templos do Espírito, que somos, como nos diz a Palavra: “Não sabeis que o vosso corpo é templo do Espírito Santo, que habita em vós, o qual recebestes de Deus e que, por isso mesmo, já não vos pertenceis?” (I Coríntios 6,19). Desta forma nos tornaremos cada dia mais santos, porque possuídos, fortificados e guiados pelo Espírito Santo.
Peçamos todos os dias: Sarça ardente do Divino Espírito, que habitas em mim, e que me tornastes santo pelo Batismo, ajuda-me a progredir no caminho da santidade e a produzir os frutos do Espírito. Então não precisarei dizer para ninguém: “sou santo!”. Essa declaração vai se tornar dispensável, pois, “pelos seus frutos os conhecereis. Colhem-se, porventura, uvas dos espinhos e figos dos abrolhos?” (Mateus 7,16).
Padre Alir Sanagiotto, SCJ
(Fonte – Canção Nova)

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