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terça-feira, 22 de março de 2011

Sobriedade, a virtude prática na vida

A reconstrução do novo homem

Muitos de nós já ouvimos alguém dizer, mesmo em tom de brincadeira, que a sobriedade é uma escolha. Se a brincadeira for levada ao pé da letra, a pessoa escolhe, conscientemente, por não querer ter atitudes e pensamentos centrados e equilibrados, pelo menos durante um período de tempo. Ironicamente, outras pessoas enfrentam grandes dificuldades em viver na própria sobriedade. São pessoas que se veem amarradas a algum tipo de vício. Elas se sentem envolvidas por uma necessidade compulsiva de fumar, beber ou se drogar. Sem forças para lutar contra um desejo nocivo, essas pessoas se intoxicam até perderem os sentidos básicos que as diferenciam de um ser irracional. Para essas pessoas, optar pela sobriedade é mais que uma questão de honra, é um motivo para conquistar a vida.

A pessoa envolvida na dependência química vive também outras dificuldades que refletem em seu caráter. Sua autoestima praticamente desaparece. Em muitas ocasiões, até mesmo os cuidados com sua higiene pessoal fica deficitária. É preocupante constatar o quão fácil é para alguém se tornar vítima de um vício, mesmo sendo uma situação tão delicada de se resolver.

Às vezes, a pessoa, fingindo não ter problemas, foge de sua própria realidade, desviando-se das responsabilidades e afogando o seu próprio estado de lucidez. Outras, desejando somente esquecer de seus problemas domésticos ou simplesmente querendo se tornar mais comunicativo numa roda de amigos, começam a fazer uso de drogas para provocar a sensação de liberdade ou extroversão. Elas preferem viver num mundo em que os efeitos alucinógenos da bebida, ou de qualquer outra droga, as fazem acreditar que seus sofrimentos são menores.

Ao voltar da sua “viagem psicodélica”, a pessoa frustra-se mais uma vez quando percebe que nada foi mudado em seu mundo real. Desta maneira, a vítima se sentirá cada vez mais tentada a lançar mão dos artifícios que a conduzem para uma dependência cada vez mais crônica. Como num círculo vicioso, a pessoa voltará a se intoxicar.

Saciar o desejo da sua dependência é a sua prioridade, mesmo que para isso tenha que despojar de tudo aquilo que lhe é precioso.

Como resultado, vamos testemunhar, além da deterioração de sua saúde, também as crises em seus relacionamentos. Casamentos que são destruídos, famílias fragilizadas, filhos com problemas psicológicos, entre muitos outros desequilíbrios causados pelo vício.

Sabemos o quanto é difícil a convivência com alguém que vive às voltas por um “trago”. Numa família, todos sofrem; tanto o viciado – seja no álcool ou na dependência química –, quanto os demais membros da casa. Pessoas que trabalham na recuperação de outras, com problemas de envolvimento com qualquer tipo de droga licita ou ilícita, dizem que somente é possível a sua recuperação quando a própria pessoa manifesta o desejo de sair dessa deplorável situação. Na maioria das vezes, é praticamente impossível alguém conseguir a cura por si própria. A ajuda profissional e o apoio de familiares é fundamental neste lento processo de recuperação que se inicará a partir do resgate da sua autoestima e a reconstrução do novo homem, tornando-o capaz de dominar a si próprio.

Somente por meio do resgate de suas virtudes a pessoa deixará de ser vítima daquelas coisas que a leva a renunciar o próprio uso da razão. Esta virtude é chamada de “sobriedade”; ela nos indica os limites que não devemos ultrapassar. Do contrário, se desrespeitarmos essas regras, já não seremos mais capazes de dominar a nós mesmos e seremos dragados por outras paixões.

Um abraço,

Dado Moura

Dado Moura
contato@dadomoura.com

(Fonte – Canção Nova)

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