É muito comum a confusão que
se faz com os termos:
O que podemos entender sobre
personalidade? Existem muitas linhas de estudo na psicologia e cada uma delas
mostra um “conceito” sobre o que é personalidade. Em linhas gerais,
personalidade é definida pela totalidade dos traços emocionais e de comportamento
de um indivíduo, ou seja, seu caráter. Seria como se traduzíssemos aquele jeito
de ser da pessoa, o modo de sentir as emoções ou agir do outro.
É muito comum a confusão que
fazemos com tantos termos utilizados nos meios de comunicação, entre amigos,
nos bate-papos, feitos até mesmo de forma inadequada. Já pensou quanta coisa
você já ouviu dizer? Temperamento, personalidade e caráter são palavras
utilizadas com frequência há muito tempo, mas quase sempre de forma confusa ou
mesmo errônea.
Mas, então, qual a diferença
entre temperamento e personalidade?
Temperamento representa
a peculiaridade e intensidade individual dos afetos psíquicos e da estrutura
dominante de humor e motivação. Foi um dos primeiros estudos na medicina sobre
a correlação entre os humores corporais com as reações humanas, divididos entre
fleumático, colérico, sanguíneo e melancólico. Entende-se ainda como uma
disposição inata e particular de cada pessoa, pronta a reagir aos estímulos
ambientais; é a maneira interna de ser e agir de uma pessoa, geneticamente
determinado.
Personalidade é formada
durante as etapas do desenvolvimento psico-afetivo pelas quais passa a criança
desde a gestação. Para a sua formação incluem tanto os elementos geneticamente
herdados (temperamento) como também os adquiridos do meio ambiente no qual a
criança está inserida.
Existe uma citação
bibliográfica que comenta a complexidade de compreender os aspectos do
comportamento humano, que vale a pena compartilhar: “Compreender os aspectos e
a dinâmica da personalidade humana não é tarefa simples, vista a complexidade e
variedade de elementos que a circundam, gerados por diversos fatores
biológicos, psicológicos e sociais. Com relação aos aspectos sociais, quanto
mais complexa e diferenciada for a cultura e a organização social em que a
pessoa estiver inserida, mais complexa e diferenciada será a personalidade. Do
ponto de vista biológico, a pessoa já traz consigo, em seus genes, diferentes
tendências, interesses e aptidões que também são formados pela combinação
dinâmica entre diversos fatores hereditários e uma infinidade de influências
sóciopsicológicas que ela recebe do meio ambiente” (FERNANDES FILHO, 1992).
A personalidade é única,
adaptável, mutável, dinâmica e ligada numa estrutura biopsicossocial. Mesmo que
tenhamos traços parecidos com os de outra pessoa, somos únicos, porque vivemos
de forma diferenciada cada fase de nossa vida, somos apresentados a estímulos
(escola, lazer, religião, etc.) de uma forma particular, e isto, em sua
totalidade, nos dá esta vivência.
Alguns fatores, chamados de
hereditários, determinam nossa forma de ser desde nossa concepção. Estatura,
reflexos, temperamento e toda a herança genética dos pais colaboram com a
personalidade. Mas, convivendo em sociedade, temos nossa personalidade influenciada
por aspectos ambientais, ou seja, aqueles ligados à cultura, hábitos
familiares, grupos sociais, escola, responsabilidade, moral, ética, entre
outros. Tais experiências vivenciadas pela criança, vão, portanto, formando sua
personalidade.
Alguns aspectos diferenciam
o que se percebe que está relacionado ao temperamento e à personalidade.
Temperamento
É biologicamente determinado.
Características
temperamentais podem ser identificadas já cedo, na infância.
Diferenças individuais com
características temperamentais como ansiedade,
extroversão-introversão,
também são observados em animais.
Apresenta-se como “estilos
de pessoa”; estilo do melancólico, colérico, etc.
Personalidade
É fruto de um ambiente
social.
É moldada durante os
períodos do desenvolvimento infantil.
É a prerrogativa de seres
humanos.
Contém aspectos do
comportamento.
Refere-se à função de
integrativa do
comportamento humano.
Ao passo que as
características temperamentais podem ser identificadas, já cedo, na infância, a
personalidade é moldada durante os períodos de desenvolvimento infantil.
Através do caráter de cada um, que é composto das atitudes habituais de uma
pessoa e de seu padrão consistente de respostas para várias situações, que
incluem aqui as atitudes e valores conscientes, o estilo de comportamento
(timidez, agressividade e assim por diante) e as atitudes físicas (postura,
hábitos de manutenção e movimentação do corpo), notamos o desenvolvimento
humano. Ou seja, o caráter é a forma com que a pessoa se mostra ao mundo, com
seu temperamento e sua personalidade; é a expressão do temperamento e da
personalidade por meio das atitudes de uma pessoa. Quando conhecemos o caráter
do outro, notamos claramente a manifestação da personalidade e o temperamento
da pessoa; conhecemos, então, aquilo que essencialmente determina os atos de
uma pessoa.
A maturidade se faz na
personalidade quando o indivíduo é capaz de:
Compreender sua história
familiar, aceitando-a e convivendo com ela.
Compreender suas emoções:
saber distinguir entre certo e errado, sobre o que devo ou não fazer, sobre o
fim de um relacionamento ou aquela paciência que se desenvolve entre os casais,
entre as pessoas que se amam.
Administrar suas
responsabilidades e ter senso crítico sobre aquilo que assume, seja no
trabalho, nos relacionamentos, no ambiente social do qual participa.
Aceitar-se tal como você é:
com seus talentos, com suas limitações, com sucessos ou insucessos, com as
habilidades ou limitações físicas; isso permite conviver e desenvolver aquilo
que for necessário.
Autoconhecimento: chave para
que todos nossos conteúdos se integrem e que nossa vivência social se torne
mais adequada em cada momento de nossa vida.
Para tudo isso, não há uma
fórmula mágica, mas as experiências sociais, religiosas, vivência de modo
geral, auxiliarão de modo particular esse processo. E assim a maturidade, nossa
percepção, crescerá gradualmente.
Elaine Ribeiro – Psicóloga
(Fonte – Canção Nova)
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