Estas foram às palavras de João Paulo II ao iniciar o Ano da Eucaristia
1. ”Sabei que estou convosco todos os dias até o fim do mundo” (Mt 28,20).
Reunidos diante da Eucaristia, experimentamos com particular intensidade neste momento a verdade da promessa de Cristo: Ele está conosco!
Saúdo-vos a todos os que estais em Guadalajara para participar na conclusão do Congresso Eucarístico Internacional. Em particular, o Cardeal Jozef Tomko, meu enviado, o Cardeal Juan Sandoval Iñiguez, Arcebispo de Guadalajara, os Senhores Cardeais, Arcebispos, Bispos e Sacerdotes do México e de outros muitos países que estão presentes.
Saúdo também todos os fiéis de Guadalajara, do México e de outras partes do mundo, unidos a nós na adoração do Mistério eucarístico.
2. A conexão televisiva entre a Basílica de São Pedro, coração da cristandade, e Guadalajara, sede do Congresso, é como uma ponte estendida entre os continentes e faz que nosso encontro de oração seja como uma “Statio Orbis” ideal, à qual se unem os crentes de todo o globo. O ponto de encontro é o próprio Jesus, realmente presente na Santíssima Eucaristia com seu mistério de morte e ressurreição, no qual se unem o céu e a terra, e se encontram os povos e culturas diversas. Cristo é “nossa paz, fazendo de nós um só povo” (Ef 2, 14).
3. “A Eucaristia, Luz e Vida do Novo Milênio”. O tema do Congresso nos convida a considerar o Mistério eucarístico, não só em si mesmo, mas também em relação aos problemas de nosso tempo.
Mistério de luz! De luz tem necessidade o coração do homem, oprimido pelo pecado, às vezes desorientado e cansado, provado por sofrimentos de todo tipo. O mundo tem necessidade de luz, na busca difícil de uma paz que parece distante no começo de um milênio perturbado e humilhado pela violência, o terrorismo e a guerra.
A Eucaristia é luz! Na Palavra de Deus constantemente proclamada, no pão e no vinho convertidos em Corpo e Sangue de Cristo, é precisamente Ele, o Senhor Ressuscitado, quem abre a mente e o coração e se deixa reconhecer, como aconteceu aos dois discípulos de Emaús “ao partir o pão” (cf Lc 24, 25). Neste gesto de convívio revivemos o sacrifício da Cruz, experimentamos o amor infinito de Deus e sentimos o chamado a difundir a luz de Cristo entre os homens e mulheres de nosso tempo.
4. Mistério de vida! Que aspiração pode ser maior que a vida? E contudo sobre este desejo humano universal se pairam sombras ameaçadoras: a sombra de uma cultura que nega o respeito da vida em cada uma de suas fases; a sombra de uma indiferença que condena a tantas pessoas a um destino de fome e subdesenvolvimento; a sombra de uma busca científica que as vezes está ao serviço do egoísmo do mais forte.
Queridos irmãos e irmãs: devemos nos sentir interpelados pelas necessidades de tantos irmãos. Não podemos fechar o coração a seus pedidos de ajuda. E tampouco podemos esquecer que “não só de pão vive o homem” (cf. Mt 4, 4). Necessitamos do “pão vivo descido do céu” (Jo 6, 51). Este pão é Jesus. Alimentarmo-nos dele significa receber a própria vida de Deus (cf. Jo 10, 10), abrindo-nos à lógica do amor e da partilha.
5. Quis que este Ano estivesse dedicado particularmente à Eucaristia. Na verdade, todos os dias, e especialmente o domingo, dia da ressurreição de Cristo, a Igreja vive deste mistério. Mas neste Ano da Eucaristia se convida à comunidade cristã a tomar consciência mais viva do mesmo com uma celebração mais sentida, com uma adoração prolongada e fervorosa, com um maior compromisso de fraternidade e de serviço aos mais necessitados. A Eucaristia é fonte e epifania de comunhão. É princípio e projeto de missão (cf. Mane nobiscum Domine, cap. III e IV).
Seguindo o exemplo de Maria, “mulher eucarística” (Ecclesia de Eucharistia, cap. VI), a comunidade cristã há de viver deste mistério. Consolidada pelo “pão da vida eterna”, há de ser presença de luz e de vida, fermento de evangelização e de solidariedade.
6. Mane nobiscum, Domine! Como os dois discípulos do Evangelho, vos imploramos, Senhor Jesus: ficai conosco!
Vós, Divino Caminhante, especialista de nossos caminhos e conhecedor de nosso coração, não nos deixeis prisioneiros das sombras da noite.
Amparai-nos no cansaço, perdoai nossos pecados, orientai nossos passos pela via do bem. Abençoai as crianças, aos jovens, aos anciãos, às famílias e particularmente aos enfermos. Abençoai aos sacerdotes e às pessoas consagradas. Abençoai a toda a humanidade.
Na Eucaristia vos fizestes “remédio de imortalidade”: dai-nos o gosto de uma vida plena, que nos ajude a caminhar sobre esta terra como peregrinos seguros e alegres, olhando sempre a meta da vida sem fim.
Ficai conosco, Senhor! Ficai conosco! Amém
(Fonte – www.catequisar.com.br)
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