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quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Desencontros de gerações

Conviver com o adolescer é algo bastante marcante

Quando percebemos mãe e filha adolescente em relacionamento é interessante notar que temos duas mulheres frente a frente vivendo momentos de vida totalmente diferentes. A mãe já passou por tudo aquilo que sua filha passará e isso fará a diferença na relação! Conviver com o adolescer é algo bastante marcante e mexe consideravelmente com a vida das famílias; a mãe, em especial, é aquela que acompanha bem de pertinho tais mudanças, não apenas as corporais, mas as emocionais também.

A filha está abandonando o corpo de menina para o corpo de mulher, despertando assim sua sexualidade. A jovem procura independência, liberdade, menos controles dos pais, mesmo não tendo qualquer experiência a este respeito. O medo (sim, o medo!) existe, mas a jovem dificilmente confessará seus temores aos pais. Misturam-se a impulsividade, a agressividade, a instabilidade e a contradição. Tantos sentimentos diferentes e todos eles misturados.

Quais são os comportamentos esperados nesse período?

A jovem rivaliza com a mãe, desafia as convenções, estabelece seus padrões de conduta. A jovem fala sobre coisas que não ficam claras e também não dá clareza sobre nada. É aí que entra a figura da mãe como aquela que, muitas vezes, terá de traduzir o que a filha diz; as mensagens nem sempre são claras: pede perdão ou pede ajuda “entre palavras, nas entrelinhas….” A filha exige que seja tratada como “gente grande”, mas ainda não se esqueceu dos seus comportamentos infantis. É como se a jovem vivesse o luto pelo corpo perdido, pela transição para uma fase tão desejada, mas ao mesmo tempo, tão assustadora; e, muitas vezes, não sabe para onde ir, e os pais, a mãe em especial, muitas vezes, sentem-se incapazes de dar o suporte necessário.

Vamos lembrar de um ponto importante: como tratar as emergências adultas e o tratamento que muitas vezes ela assim exige, com momentos, necessidades e atitudes ainda tão infantis?

É o desencontro entre a própria geração! A jovem que vê desabrochar o corpo de adulta, as pressões de um mundo adulto, mas que muitas vezes, ainda não é madura o suficiente para perceber-se assim ou para se reposicionar em sua idade.

Parece uma “missão impossível”? Muitas vezes, sim. Os pais, a mãe em especial, precisam mostrar interesse, mas não invadir. Porém, nessa tentativa, muitas vezes se afastam da jovem, que, numa fase de tanta influência por terceiros, pode se deixar levar por referenciais nada positivos. Fique de olho!

É importante pensar que adolescentes, homens e mulheres, fazem seus pais “reviverem” a sua própria história como jovens. Mães, muitas vezes, revivem a adolescência, quando confrontadas com a jovialidade dos filhos. Contudo, para a mãe, o que se percebe é uma outra fase de vida: o amadurecimento e, por vezes, estão vulneráveis, sensíveis pela valorização da linda filha juvenil, pois podem estar perdendo a beleza, aquela juventude que para elas deixa de existir, mas, na verdade, se renova, é a beleza de cada fase de nossa vida!

Por fim, os papéis que se misturam, as idades com seus fatores emocionais específicos, todos entrelaçados numa única teia, vão se confundindo, mas ao mesmo tempo se solidificando. Reações muitas vezes inconscientes são assim vividas, mas especialmente, a relação mãe-filha/filho-pais deve ser coberta de muita compreensão, amor e receptividade nessa fase tão importante da vida!

Elaine Ribeiro
psicologia01@cancaonova.com

(Fonte – Canção Nova)

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